O orgulho religioso: O fariseu e o publicano
No artigo anterior vimos que num passado bem remoto da era a.C., e d.C, tanto Jezabel quanto os Fariseus tiveram a mesma ideia ou projeto do mal: “destruir os profetas de Deus”. Mas, o próprio Deus frustrou aqueles planos. Durante muito tempo o orgulho religioso corroeu o pensamento do povo judeu até os tempos de Jesus porque os fariseus concentravam os seus tolos esforços em uma falsa aparência de humildade, o que representava apenas um poder político ou uma religião. Eles não se importavam com Deus, nem com o próximo.
Isso atrapalhava o verdadeiro relacionamento do povo de Deus com o Deus verdadeiro, e também, atrasava o plano de Deus que é a restauração de seu reino na terra.
Mas, o plano especial de Deus é salvar a terra da perdição. Os fariseus, porém, estavam perdidos dentro da religião. Assim, criavam leis secundárias que os destacassem dos demais. Daí, com esta atitude de arrogância, bloqueavam o reino dos céus aos interessados no reino. Então, nem entravam no céu, nem deixavam que os outros entrassem no céu. Por isso, Jesus chamou aqueles escribas e fariseus de hipócritas.
Hoje vamos meditar mais um pouco neste assunto dada a sua relevada importância para a igreja do século 21, que, infelizmente vem atravessando tempos difíceis com o renascimento de heresias e surgimentos de vários ventos de doutrinas em que centraliza-se a pessoa do homem e descentraliza-se a pessoa de Cristo.
O fariseu e o publicano
No livro de Lucas, capítulo 18, Jesus expôs uma parábola muito interessante sobre o orgulho religioso:Conta-se a história de dois homens que subiram ao templo para orar. Um deles era fariseu (partidário político de facção religiosa judaica), o outro era um publicano (coletor de impostos, funcionários de cargo público importante da sociedade):
“11. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano.
12 Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo.
13 O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!
14 Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.
15 E traziam-lhe também meninos, para que ele lhes tocasse; e os discípulos, vendo isto, repreendiam-nos.
16 Mas Jesus, chamando-os para si, disse: Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais, porque dos tais é o reino de Deus.
17 Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como menino, não entrará nele.” (JESUS)
Assim, como nos dias de hoje, os fariseus agiam de forma egocêntria, e não cristocêntrica. Também se comportavam de forma altiva em vez da humildade.
Aquele fariseu passou a listar tudo o que (aos seus olhos) parecia ser a mais nobre forma de servir a Deus, ovacionando-se em benefício de justiça própria. Este glorificava-se a si mesmo. Nada, nenhum necessidade espiritual, nada mesmo o havia feito ficar de joelhos, mas orgulhava-se de sua posição e vida religiosa. Era um relatório que parecia levar ao engano de uma vida de “santidade”.
Este “homem de oração” parecia não ter pontos fracos em sua vida com Deus, mas apenas destaques de fé e firmeza que o pudessem encaixar num mundo evangélico. Mas, aquela oração de autoglorificação e exigência de nada valia perante os olhos de Deus.
Contudo, a maneira como o outro homem se apresentou diante de Deus, esta foi aprovada. Reflita que o publicano, ao contrário do religioso, se humilhou de forma tão pequena que nem sabia como se aproximar da Santidade do Deus a quem deseja chorar e dirigir o seu afago e arrependimento. Ele clamava por misericórdia – “Oh, Deus, tem misericórdia de mim, pecador”.
Certamente que esta oração tocava o coração de Deus. Seu objetivo era este na oração. Reflita: qual o seu objetivo na ora de uma oração?
O publicano oprimido, cansado e sobrecarregado, nada exigia, mas clamava por ser aprovado por Deus. Nem sequer levantava os olhos de tanta pequenez e indignidade ao falar com o Poderoso. É claro, que ele não apresentava ser aquele que não era. Sua reputação, seu orgulho, seu conhecimento, sua força, seus feitos, de nada valiam perante o Juiz. Suas fraquezas e pecados estavam claros, e não escondidos diante daquela oração, diante de Deus, diante dos homens, diante do mundo espiritual… Será que é assim, sem “estufar o peito” que temos chegado diante de Deus quando oramos?
Triunfalismo ou dependência de Deus?
Lucas 20:46 e 47, exorta os discípulos:“Guardai-vos dos *escribas, que querem andar com vestes compridas; e amam as ‘saudações nas praças’, e as ‘principais cadeiras nas sinagogas’, e os ‘primeiros lugares nos banquetes’; 47 Que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, ‘largas orações’. Estes receberão maior condenação.” (JESUS).
Os *escribas eram profundos estudiosos da Lei de Moisés (AT), mas políticos a religiosos, no tempo de Jesus. Considere-se que a partir da invasão grega, no século IV a.C., eles foram divididos em dois grupos religiosos: saduceus (mais conservadores) e os fariseus (menos conservadores). Os saduceus, que eram ricos e prestigiados pela sociedade judaica, foram se afastando da Bíblia, não acreditavam em ressurreição dos mortos, nem na vida eterna, aos poucos perderam força por conta de sua apologia e apoio político aos costumes gregos. Os fariseus, que eram de classe intermediária, porém ganharam a adesão de muitos escribas que não concordaram com a visão política do primeiro grupo. Assim, os fariseus, o grupo que mais se aproximava da Palavra de Deus, conquistaram maior graça e influência sobre o povo judeu.
Porém, tanto um grupo quanto o outro foram severamente exortados por Jesus em vários encontros. Os saduceus porque trocavam a fé pela política e pela manutenção da reputação social (pastores são pastores, não vereadores). E, quanto aos fariseus, porque davam mais valor às suas tradições (rituais e rotinas religiosas) do que ao reino de Deus (o povo necessitado). Foram reprovados por Jesus!
Lembram de como chegou o fariseu? “Eu não sou como os demais…” (vs. 11) – “Eu jejuo duas vezes ao dia…” (vs. 12) – “Eu dou o dízimo”… (vs. 12); “Não sou como este (pobre) publicano” (vs. 11)– (o “pobre” ou “coitadinho” fica por minha conta com a licença da hermenêutica epstemológica)!…
Qual tem sido o nosso comportamento diante de Deus? Será que Ele nada vê? (o interior)? Quantas pessoas enganadas achando que o orgulho da religião que “seguem” ou “defendem” as justificará ou as aprovará perante o Altíssimo?…
A visão de Jesus acerca dos dois homens, o que, aliás, é o que mais importa, para este estudo está simplificadamente destacado no verso 14: “Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado” (JESUS).
Seus pecados estão a sua frente ou existe ainda coisas escondidas e não reveladas ou disfarçadas perante todos, ou mais importante ainda perante o Altíssimo?
O publicano, exaltando-se perante Deus, levando consigo a bandeira de um partido político-religioso “triunfalista”, não enxergava necessidade espiritual alguma, e ainda assim, exigia de Deus aprovação, que não foi alcançada. Nunca foi aprovado tal comportamento de uma igreja assim. Nem nunca o será.
Talvez a maior preocupação daquele homem fosse resolver o problema de sua “imagem” perante todos (como se Deus não soubesse). E, talvez, essa carência de demonstrar altivez em vez de humildade, era a sua única saída ou escape para não ser “rotulado” pelos irmãos religiosos, de um homem “fraco” na fé! Um fracote, um perdedor. Contudo, era exatamente aí que se enganava! A exaltação religiosa não é aprovada por Jesus!
Observem que o fariseu, apesar de toda a sua força religiosa e triunfalismo não foi justificado. Veja o que Ele disse no verso 14: “Digo-vos que este (o humilde publicano) desceu justificado para sua casa, e não aquele (o fariseu); porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado.”
George Whitefield, pregador reformista da era cristã, declarou o seguinte sobre o homem publicano acerca desta parábola:
“Pobre alma! Como devia estar se sentindo?… Não duvido que ele tenha clamado: ‘Deus tenha misericórdia de mim desde o nascimento, um pecador em pensamentos, atitudes, palavras…’ mas de coração quebrantado, voltou para a sua justificado aos olhos de Deus mais do que qualquer outra alma que não tenha feito o mesmo”. Um arrependimento genuíno (não político, nem religioso). Quão diferentes são aqueles que realmente se sentem livres de verdade!!!!
De repente, tudo fica diferente. Todos os obstáculos que mantinham o homem distante de Deus são removidos pela profundidade de seu relacionamento com o Altíssimo, Poderoso, e, também Bondoso Deus. Uma oração que leva o humilde direto aos braços do Pai.
Então, é hora de dizer adeus ao orgulho e à cegueira espiritual. A presença de Deus passa a ser percebida em todos os lugares. A gratidão é intensificada pelo desejo intenso de se relacionar ainda mais com este Deus cheio de amor e de simplicidade. Adoração será, então uma forma de se viver. Isso não significa, que o homem não passará por lutas, no entanto, estas lutas logo serão vencidas pela alegria de haver uma fé intensa para vencer com a ajuda de Jesus!
Conclusão
Enfim, o orgulho e o triunfalismo religioso daquele fariseu, logo é trocado pela humildade de um homem que dependia de Deus, para resgatá-lo e ouvir sobre a suas necessidades espirituais, o publicano. O fariseu ‘estufou o peito’, mas o publicano se ‘ajoelhou’.
É claro, que não devemos generalizar, e valorizar preconceitos, visto que Jesus não generalizou. Alguns fariseus foram parceiros de Jesus na história. Foram alguns fariseus que avisaram a Jesus sobre a intenção de Herodes em matá-lo; (Lc. 13:31) e houve uma vez que Jesus foi convidado a jantar com um fariseu (Lc. 7:36). Um deles, da escola de Gamaliel, até se converteu a Cristo e se tornou muito conhecido por ser um dos maiores apóstolos da Bíblia, Paulo. Então, ao experimentar um relacionamento profundo com Deus, logo nasce uma intensa necessidade de derramar o amor e acompaixão de Deus sobre a vida dos outros, vencendo desta forma, também, o egoísmo. Deus não é só nosso! É como se fosse uma criança que logo deseja “contar” e “espalhar” pelo mundo inteiro o presente ou a novidade que recebeu.
No caso do homem fariseu desta história, nenhum presente de Deus ele recebeu (apesar de enganar-se a si mesmo). Quanto ao homem publicano, este recebeu a misericórdia e a justificação do Senhor, um presente e tanto, hein?! O maior presente da vida! Na Visão de JESUS, o publicano foi justificado o outro homem não.
São orações e atitudes assim como esta do publicano, a sua entrega, através de uma atitude de coração sincero, quebrantado, contrito, carente de Deus, aos pés da cruz… Assim, é possível conhecer a maravilhosa graça de Jesus. A Humildade tem um poder sobrenatural.
“Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele.” (Mc. 10:15).
Reflexão
Com Jesus é assim: Reconhecer as suas fraquezas vale mais do que exaltar o seu triunfo. Defender uma reputação com a sociedade não vale mais do que a salvação em Cristo Jesus!
Abra o seu coração. Que Venha o Reino de Deus em sua vida, e que seja feita a Vontade Dele em nome de Jesus,
Amém!
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