1) O Poder das Línguas Estranhas
a) Não houve línguas antes do Pentecostes. No Antigo Testamento, é-nos dito que pessoas haviam recebido o Espírito Santo, como exemplo, José (Gn 41.38), Moisés (Nm 11.17), Josué (Nm 27.18), Otniel (Jz 3.10), Gideão (Jz 6.34), Jefté (Jz 11.29), Sansão (Jz 14.6,19), Saul (1Sm 10.10), Davi (1Sm 16.13), Elias (1Rs 18.12; 2Rs 2.16), Eliseu (2Rs 2.15), etc. Igualmente, antes do Pentecoste, o Espírito havia descido sobre alguns, tais como João Batista (Lc 1.47), Isabel (Lc 1.41), Maria (Lc 1.35), Zacarias (Lc 1.67), Simeão (Lc 2.52). Todavia, todos esses eram “cheios do Espírito”, mas não “batizados no Espírito Santo”. Ser cheio do Espírito é ser controlado, guiado, conduzido, ungido pelo Espírito do Senhor — para realização de proezas e obras extraordinárias. Embora realizassem tão grandes feitos, imbuídos pelo Santo Espírito, nunca tinham falado em línguas estranhas.
b) A Promessa do Pai. As promessas divinas têm em Deus a sua origem (2Co 1.20). O Senhor Jesus chamou o Batismo no Espírito Santo de “Promessa do Pai”, em Lucas 24.49. E por que assim o fez? — Os profetas predisseram essa maravilhosa dádiva celestial à Igreja de Cristo na face da Terra. Dessa promessa, falaram: Salomão (Pv 1.23), Zacarias (Zc 12.10), Isaías (Is 28.11,12), Joel (Jl 2.28,29), João Batista (Lc 3.16) e também Jesus Cristo — o Filho de Deus (At 1.4,5,8).
c) A evidência física e inicial do Batismo no Espírito Santo. A evidência física e inicial do Batismo no Espírito Santo são as línguas estranhas. É necessário ter um sinal audível para provar que no cristão se cumpriu essa promessa. Algo, além da alegria, da comoção e da satisfação, é mister acontecer: fazer uso das línguas, dos seus músculos da boca! É preciso falar... No entanto, tais palavras não brotarão de suas mentes ou do seu pensamento, mas elas “pousarão” e serão concedidas pelo Espírito Santo de Deus (At 2.2-4). São provenientes do Alto! (Lc 24.49).
As línguas servem para aferir se o crente foi batizado ou não (At 11.15-17). Provadamente isso está na Palavra de Deus — a única regra de fé e prática dos cristãos (1Co 4.6; Ap 22.18,19). Em algumas passagens, menciona-se, textualmente, essa verdade: no Pentecostes: “começaram a falar em outras línguas” (At 2.4); na casa de Cornélio: “os ouviam falar em línguas e magnificar a Deus” (At 10.46 comp. 11.15-17); em Éfeso: “e falavam em línguas e profetizavam” (At 19.6).
Logo, as línguas estranhas são a evidência física e inicial do Batismo no Espírito Santo.
d) Línguas como “sinal” e como “dom”. Deve-se ter em mente que as línguas como “evidência física e inicial” são o “sinal” do batismo no Espírito, prometido por Jesus (cf. Mc 16.17). Quando Cristo disse: “Em meu Nome falarão novas línguas”, a palavra “novas” — no versículo em apreço — é “kainos”, em grego. A obra Theological Dictionary of the New Testament, diz que “kainos” denota “o que é novo na natureza, diferente do habitual, impressionante, melhor do que o velho, superior em valor ou atração”. É “um tipo novo, sem precedentes, inédito”. Ou seja: as “novas línguas” — das quais os que cressem iriam passar a falar — não são a mesma coisa que idiomas terrenos; mas, sim, “línguas novas”, no sentido que são distintas e mais elevadas em natureza. São essas línguas que são o “sinal” do Batismo no Espírito, manifestas como a evidência inicial e física.
Leva-se em conta que o termo “línguas estranhas” é usado no meio pentecostal para significar que essas línguas são estranhas (i.e., desconhecidas) para quem as pronuncia, mas não — necessariamente — aos que as ouvem.
As línguas estranhas exprimidas como “sinal” — evidência física e inicial do batismo — não devem ser confundidas, jamais, com o “dom de variedade de línguas” (1Co 12.10). Nem todos os batizados no Espírito Santo possuem esse dom (cf. 1Co 12.30). É um dom de expressão plural e um milagre linguístico sobre-humano, em que o cristão fala em idiomas sob a instrumentalização do Espírito, querendo passar uma mensagem à Igreja, que, por sua vez, necessita de interpretação.
O dom de variedade de línguas é usado em conexão com o dom de interpretação de línguas (1Co 12.10; 14.5,13,26-28) — a menos que as várias línguas proferidas sejam conhecidas do público, como ocorreu no dia de Pentecostes, cujos presentes interpretaram as línguas, que, no começo, manifestaram-se como “sinal”; porém, simultaneamente — por serem multiformes —, revelou-se o dom de variedade de línguas (At 2.4,8-13). Nesse caso, ocorreu um grande sinal e o intuito das línguas foi suprido: tocar os indoutos e convencer os incrédulos (1Co 14.22).
Caso para as variedades de línguas não haja interpretação (ou conhecimento do público), o crente deve falar somente em silêncio, isto é, “consigo e Deus” (1Co 14.4,28). A função da variedade de línguas é a edificação da Igreja por meio de uma mensagem. Já quem fala as línguas estranhas como “sinal” do Batismo no Espírito Santo, “não fala aos homens, senão a Deus” (1Co 14.2), e “fala em mistérios e ninguém entende” (1Co 14.2), e “edifica-se a si mesmo” (1Co 14.4).
No texto de 1Coríntios 14, faz-se necessário analisar o contexto de cada versículo, pois fala dos dois tipos de línguas: o sinal e a variedade de línguas. Mas isso é facilmente perceptível, porque o sinal (evidência física do batismo) é edificação pessoal, enquanto as variedades agem conjuntamente com a interpretação para uma mensagem ao rebanho, que equivale a uma profecia.
e) Algumas finalidades do Batismo no Espírito. Esse revestimento sobrenatural capacita o salvo a pregar, a testemunhar e a rodar o mundo com ímpeto, força e unção (At 1.8; 4.13,20,29,33,34). O Apóstolo Paulo após receber o Batismo no Espírito Santo (At 9.17 comp. 1Co 14.18) passou a ter visão dos perdidos (At 16.9; 18.9-11), e, consequentemente, ganhá-los para Cristo.
f) As línguas agindo no crente. As línguas levam o salvo a ter comunhão com Deus (1Co 14.2), edificação, isto é, construir-se espiritualmente (1Co 14.4). Servem como refrigério, pois é o tal prometido na Bíblia (Is 28.11,12 comp. At 3.19; 1Co 14.21,22). Por fim, uma força tremenda na oração (1Co 14.15).
Para melhor compreensão dos temas expostos, veja ainda os estudos “As Línguas Estranhas na Bíblia” e “O Batismo no Espírito Santo”, no site da IFAP.
2) A Manifestação do Espírito Santo — em Línguas Estranhas — no Decorrer da História do Cristianismo
No ano 54 d.C., em Éfeso, também ocorreu o fenômeno: os crentes ficaram cheios do poder e da plenitude do Espírito Santo, glorificando a Deus em línguas que nunca haviam aprendido (cf. At 19.1-7). Será que o Movimento Pentecostal terminou com esses casos mencionados no Novo Testamento? De maneira nenhuma! Quem lê a história da Igreja verifica que, em tempos de avivamento, o Espírito Santo manifestou-se como nos casos mencionados em Atos dos Apóstolos.
A promessa do revestimento de poder é para os crentes de todas épocas: Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar (At 2.39). Depois de recebê-la, o cristão tem um impulso extraordinário para testemunhar poderosamente a obra de salvação — o sacrifício de Jesus — em toda a Terra! (At 1.8). Como exemplo, nos anos seguintes:
Tertuliano e Irineu (pastores que viveram no segundo século d.C.) declararam que os membros de suas igrejas falavam em novas línguas.
João Crisóstomo (347-407) — bispo de Constantinopla, escreveu que o Batismo no Espírito Santo era acompanhado por este mesmo sinal sobrenatural: falar em línguas! Três membros de sua igreja falaram, pelo Espírito, em persa, em latim e em hindu.
Agostinho (354-430) — bispo de Hipona, no Norte da África, afirmou que as novas línguas estavam em evidencia nos seus dias.
Valdenses e Albigenses (1140-1280 d.C.). Isso no Sul da Europa, em plena Idade Tenebrosa — a Era Medieval. Eles eram dissidentes da Igreja Romana, seguidores dos princípios bíblicos da salvação e da vida cristã em geral. Os historiadores afirmam que entre eles havia manifestações espirituais em línguas estranhas, segundo o Novo Testamento.
Martinho Lutero (1483-1546). Falava em línguas e profetizava, conforme o depoimento histórico do Dr. Jack Deer, eminente professor e historiador batista, do Seminário Teológico de Dallas. Esta informação também é encontrada nas obras: “História da Igreja Alemã”, de Souer (Vol. 3, p. 406), e “Pentecostes para Todos”, de Emílio Conde, p. 88.
Os Anabatistas (1521-1550): Na Alemanha, entre os anabatistas (grupo de crentes que pretendia o retorno ao Cristianismo primitivo, advogava reforma sociais, separação da Igreja do Estado e contestava a validade do batismo infantil; conseguintemente, rebatizava seus seguidores quando adultos e possuidores de plena razão), houve manifestação de línguas estranhas e outorgamento dos dons.
Os Huguenotes (1560-1650). Eram, na França, protestantes dissidentes quanto à forma de governo da época, respeitante à liberdade religiosa. O historiador A. A. Boddy assim escreveu: “Durante a perseguição aos huguenotes, a partir de 1685, havia entre eles os que falavam em línguas, transbordantes de fervor espiritual”.
Os Quakers (1647-1650) e os Shakers (1774-1771). Cristãos organizados em diferentes grupos, no Nordeste da América do Norte, região da Nova Inglaterra, cujos integrantes eram considerados de fanáticos, rígidos, santarrões, extravagantes, os quais foram nomeados “amigos” (os Quakers) e “tremedores” (os Shakers), de fato, recebiam poder do Espírito Santo, falavam línguas estranhas e eram portadores de inúmeros dons espirituais.
O Movimento Pietista. Surgido em 1666, apregoava uma vida santificada — combatendo a hipocrisia de ministros, a embriaguez, a imoralidade, a carnalidade, as controvérsias teológicas. Na cerimônia do partir do pão, eles entravam em êxtase — estado de máxima intensidade emocional, em que a alma parece desligar-se do corpo, perdendo o contato com o mundo sensível: adentrando às dimensões celestiais, daí, falavam línguas de maneira retumbante.
Os Camisardes. Em 1686, crentes que se refugiaram nas montanhas de Cevanes — França, devido às perseguições religiosas, os chamados Camisardes (quer dizer, calvinistas das cavernas, pois eram seguidores da linha teológica de João Calvino), declaravam firmemente ser inspirados pelo Espírito de Deus; por isso, houve abundante graça entre eles, a saber: Em 1700, falavam línguas estranhas; em 1701, o grupo tinha cerca de 200 profetas; em 1702, existiam 8 mil porta-vozes do Senhor, isto é, possuidores do dom de profecia, que profetizaram muitas iminências de fatos desagradáveis para a Europa. De igual modo, crianças de 3 e 4 anos já pregavam a conversão genuína e o arrependimento em bom francês; os próprios infantes, de 4 a 14 anos, se reuniam em vilarejos e cidades fazendo círculos, nos quais falavam línguas, cantavam, oravam, revelavam, apregoavam as Escrituras e exortavam. Entre 1730 e 1733, já eram supreendidos em êxtase espiritual, no qual não só falavam e interpretavam línguas, mas também entendiam, sobrenaturalmente, quaisquer idiomas dos locais onde eram enviados a pregar.
Os Moravianos. Estes são descendentes espirituais de John Huss (morto queimado por causa da doutrina verdadeira), e eram conhecidos como Irmãos Morávios. Tal grupo compreendia cerca de 300 pessoas. Em 16 de julho de 1727, o Espírito Divino irrompeu neles, deste modo, ocorreu operação de maravilhas e todos choraram sem cessar. Fizeram, então, um pacto de se reunirem mais vezes em Hutberg, a fito de orarem e sentirem a mesma graça. No dia 13 de agosto, aconteceu o chamado Pentecoste dos Moravianos. Um dos historiadores descreveu: “Vimos a mão do Senhor e as suas maravilhas, e todos estiveram sob a nuvem de nossos pais, e fomos batizados no Espírito Santo.” Através desse fervor espiritual, o Espírito Santo os enviou como testemunhas de Cristo em todo o mundo! As missões moravianas foram frutos do poder pentecostal! O historiador Dr. Werneck disse: “Esta pequena igreja, em vinte anos, trouxe à existência mais missões evangélicas do que qualquer outro grupo evangélico o fez em dois séculos.”
Metodistas Primitivos. Líder: John Wesley (1703-1791), inglês. O historiador Philip Schaff, na obra “História da Igreja”, edição de 1882, relata que esses metodistas pugnavam por uma vida santa, e muitos tinham dons espirituais e falavam em línguas. O movimento avivalista metodista começou em 1739, em Londres. Foi no Metodismo que teve a maior expressão e vulto o “Movimento da Santidade”, na América do Norte, entre determinadas igrejas tradicionais, após o século XIX, do qual, quase um século depois, surgiu o atual Movimento Pentecostal.
Os Irvingitas. Líder: Edward Irving (1822-1834), presbiteriano, da Igreja Escocesa de Londres. Irving testemunhou, entre outros fatos, que, em 1831, uma irmã solteira falou em línguas no culto de oração.
D.L. Moody (1837-1899), poderoso evangelista e avivalista norte-americano. Acerca de sua marcante cruzada evangelística de Londres, em 1873, escreveu Robert Boyd: “Moody pregou à tarde no auditório da Associação Cristã de Moços, em Suderland. Em pleno culto houve manifestação de línguas estranhas e profecia. O fogo espiritual dominava o ambiente”.
A Rua Azusa. Em 9 de abril de 1906, em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos, algo alavancou o crescimento do Evangelho na América. Na Rua Azusa, 312, o Pr. William Joseph Seymor e mais sete irmãos de sua igreja, depois de incessantemente buscarem o Batismo no Espírito Santo, foram batizados por Jesus e falaram “noutras línguas”. Foi o estopim para que, nesse antigo armazém, houvesse um grande avivamento nas reuniões: batismos no Espírito, recebimento de dons espirituais, impulsão missionária, milagres, curas, cânticos espirituais, variedade de línguas e interpretação de línguas, fervorosas orações, etc. Os cultos iniciavam às 6h e acabavam à meia-noite! Isso mobilizou a impressa, os mundos secular e religioso, os quais, surpreendidos, iam conhecer o fogo pentecostal! Por consequência, essa chama de poder incinerou as América do Norte, Central e do Sul.
Há inúmeros exemplos em vários pontos do globo terrestre que, ao longo da história, o Espírito Santo foi derramado sobre todos aqueles que perseverantemente O buscaram!
A mundialmente conhecida e respeitada “Encyclopedia Britannica” declara: “A glossolalia [o falar noutras línguas] esteve em evidência em todos os avivamentos da história da Igreja” (Vol. 22, p. 282, ano 1944).
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