A HERESIA DA “ÁGUA UNGIDA”
Introdução
Lembro-me de que — na minha adolescência — fui visitar o lar duma costureira com um grupo de irmãos; ela encontrava-se necessitada do socorro do Senhor. Quando chegamos lá, no momento da oração, uma irmã abriu a bolsa e tirou um borrifador cheio de água e começou a esparzir sobre as paredes, os móveis, e as várias máquinas de costura daquela mulher. Com os olhos verdes, e grandes, bem arregalados — ela dava a entender que estava cheia da autoridade, e, além de jogar água para todo lado (a água que dizia ser “ungida”), alegava que tinha o objetivo de expulsar o Diabo, a inveja, o mal, etc. Achei aquilo para lá de estranho!... A própria costureira meneava a cabeça negativamente por conta daquela prática. De fato, cumpriam-se as palavras de Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus (Mt 22.29).
Os dias se passaram. À época, trabalhava de cobrador num micro-ônibus. Sempre um padre católico-romano apanhava o lotação, pois dava assistência à capela de outro bairro. Eram renhidos os debates que tinha com esse padre. Por isso, devorava os livros que expunham — histórica e biblicamente — os erros e as heresias do Catolicismo Romano durante os séculos, de maneira que andava preparado até os dentes! Conseguintemente, não perdia tempo; ao deparar-me com o vigário, ele só faltava me matar! Fervia mais que água na panela de ira e de ódio — encurralado, porque refutava seus argumentos católico-romanos à luz da Palavra de Deus. Posteriormente, de tanto eu bater o martelo da Palavra naquele coração (Zc 7.12 comp. Jr 23.29), reconheceu os erros doutrinários da Igreja Romana. Aleluia!
Foi quando descobri a origem da suposta “água ungida”. Desde aquele tempo passei a combater essa heresia, oriunda da Igreja de Roma, e agasalhada pelos crentes sem espiritualidade nem conhecimento das Escrituras. Disse às irmãs com as quais fazia visitas a respeito da procedência da “água ungida”. Felizmente, abandonaram de todo essa prática sem fundamento bíblico. Uma delas até dirigia a consagração de sexta-feira, de sorte que creu na Palavra e não só foi contra, mas impediu que pessoas levassem garrafas d’água a fim de ser “ungidas”. Agora, infelizmente, a irmã das borrifadas de água orada prossegue na cegueira e nessa lambança até hoje!
1 – Atribuição de Poder Espiritual à Água:
Heresia Católico-Romana
A atual “água ungida” (ou “água orada”) teve seu princípio na Igreja Católica Romana. Não foi criada pelos apóstolos nem pelos cristãos primitivos, mas, ao certo, faz parte do rol de heresias inseridas no Cristianismo pelo Romanismo. Entretanto, a Palavra do Senhor assevera: Guarda e ouve todas estas palavras [...] Tudo o que eu vos ordeno, observareis; nada lhe acrescentarás nem diminuirás (Dt 12.28,32). O Apóstolo Paulo decretou: Para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito (1Co 4.6). Logo, não é de hoje que o Catolicismo Romano está totalmente divorciado de Cristo... Ele deliberadamente se agarra na tradição dos homens e invalida a Palavra do Senhor: Invalidando, assim, a Palavra de Deus pela vossa tradição, que vós ordenastes (Mc 7.13).
a) A degradação do Catolicismo Romano. Heresia é a “opinião doutrinária contrária à verdade”.[1] Decerto, heresias são obras da carne, cujo fim é a perdição (Gl 5.20,21). Alguns exemplos das heresias abraçadas e implantadas pela Igreja de Roma, dentre as quais a “água benta”, que entre os crentes popularizou-se o nome “água ungida”:
310 d.C. — Reza pelos mortos
320 — Uso de velas
394 — Instituição da missa
431 — Culto a Maria
503 — Doutrina do purgatório
606 — Início do papado
754 — Adoração de imagens de escultura
830 — Começa o uso de ramos e água benta
850 — Papa Leão IV oficializa o uso da água benta
993 — Canonização dos santos
1074 — Celibato dos padres
090 — Invenção do rosário
200 — O pão da Ceia é substituído pela hóstia
316 — Instituição da reza “Ave-Maria”
414 — Eliminação do vinho da comunhão
1439 — O purgatório é declarado como dogma
1546 — Introdução, na Bíblia, dos livros apócrifos (escondidos e não aceitos pela Igreja Primitiva)
1854 — Dogma da imaculada conceição
1870 — Dogma da infalibilidade do papa
1950 — Dogma da assunção de Maria aos céus, em corpo e alma.[2]
Que caminho estão trilhando os crentes da água orada! Andam debaixo de uma doutrina católico-romana, e encontram-se de mãos dadas com um ensino parceiro das falsas doutrinas expostas acima. A Bíblia é categórica: Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com a graça, e não com manjares, que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram (Hb 13.9).
Ué, inúmeros crentes não alardeiam que foram libertos dos dogmas anticristãos do Romanismo? Mas como, de bom grado, aceitam um deles? Com Deus não há meio-termo! Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente; quem dera foras frio ou quente! Assim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca (Ap 3.15,16). Tal dogma tem de ser medido com a mesma régua pela qual outros dogmas pagãos foram medidos. Sendo assim, obedecer a Deus, quanto a isso, é tudo ou nada! — Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda (Is 52.11; cf. 2Co 6.17,18).
Visto que essas doutrinas não foram ensinadas pelos crentes primitivos (nem possuem base na Bíblia), portanto, são heresias confeccionadas e/ou interpostas pela Igreja Romana — por conseguinte, a água ungida entra no mesmo bojo: Se alguém ensina alguma outra doutrina, e não se conforma com as sãs palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe; mas delira acerca de questões (1Tm 6.3,4).
b) Para que serve a água benta? A Associação Católica Nossa Senhora de Fátima, do Pe. Lourenço Ferronatto, dá-nos a resposta:
A água benta é um sacramental que proporciona aos fiéis inúmeros benefícios espirituais, e corporais também. Por exemplo, [...] a água benta afugenta os demônios, obtém o perdão dos pecados, [...] pode nos livrar de acidentes, [...] curar de doenças, [...] afastar tentações de discórdia e recuperar a paz na família.[3]
Por “sacramental” entende-se “aquilo que está consagrado para alguém obter um efeito de ordem espiritual”.[4] Ora, não é isso também que, ao pé da letra, inúmeras igrejas evangélicas atribuem à água após a oração? Pois é... consagram a água, e depois creem que por ela obterão a bênção, quer para saúde, quer para o lar, quer para expulsar espíritos imundos, quer para livrar de aflições, angústias, perturbações, etc.
Basta uma tacada da Palavra do Senhor a fim de demolir esse falso ensino: Pela fé [...] aquilo que se vê não foi feito do que é aparente (Hb 11.3). Portanto, a fé real, quando exercida, não se apega ao que é aparente, mas no Altíssimo — o Deus Invisível (Cl 1.15).
A realidade é que a “água benta” (ou “ungida”) torna-se em fé idólatra, superstição religiosa e algo místico — uma espécie de amuleto. Adiante, há de ser feita a análise e refutação.
2 – O Inventor da Prece do Copo d’Água e Suas Crenças
Em 4 de março de 1949, Alziro Zarur (que tinha passado pelo Catolicismo Ortodoxo, Catolicismo Romano, Protestantismo e Espiritismo) — cujo se considerou a reencarnação de Allan Kardec — lançou o Programa A Hora da Boa Vontade na Rádio Globo, no Rio de Janeiro. Criou nesse programa a prece do copo d’água[5], em que rogava aos espíritos para operarem por meio da água. Segundo os adeptos de Zarur, ocorreram muitas curas milagrosas e solução de problemas através da “água fluidificada” ou “água do cosmo universal” — nomes dados à água após a prece. Na verdade, uma espécie de hidromancia — adivinhação e colocação de poder na água para obtenção de algo, de fato, isso é condenada pela Bíblia (Gn 44.5; Lv 19.31).
Alziro Zarur fundou a seita espírita Legião da Boa Vontade (LBV) em 1950. Em 1979, morre Zarur, cujo era chamado por seus seguidores de “Paizinho”. Mas, além do exposto acima, quais eram as crenças dele?
a) Alziro Zarur — o inventor da prece do copo d’água — acreditava
que a Bíblia possui erros:
Os erros da Bíblia são consequência natural do estado evolutivo de seus autores. [...] São erros pessoais, que nem eram erros para a maioria, na época em que foram escritos. Essa é a parte humana da Bíblia, que a LBV esmiuçou [...] (Jesus – A Saga de Alziro Zarur, vol. 2, p. 86).
A Posição Correta: Toda a Escritura é inspirada pelo Deus Altíssimo (2Tm 3.16). Os homens que a escreveram, não a produziram por suas vontades e intuições; porém, todos os registros foram debaixo da inspiração do Espírito Santo de Deus (2Pd 1.20,21), de modo que os pergaminhos e os rolos eram recebidos “não como palavras de homens, mas — segundo são, na verdade —, como Palavra de Deus” (1Ts 2.13).
“A lógica da infalibilidade da Bíblia é muito simples: Deus não pode errar (Hb 6.18; Tt 1.2). A Bíblia é a Palavra de Deus. Logo, a Bíblia não erra. A Bíblia é a Palavra de Deus — e isso inclui todas as palavras da Bíblia, pois “está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4.4). Paulo declarou: “Sempre seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso” (Rm 3.4). Jesus disse ao Deus Pai: “A Tua Palavra é a verdade” (Jo 17.17); “A Escritura não pode ser anulada” (Jo 10.35). Portanto, se a Bíblia é a Palavra de Deus, e se Deus não pode errar — então a Bíblia não pode errar.”[6]
“Um grande teólogo alemão, A. Luescher, constatou em uma de suas obras que, no ano de 1850, os críticos contra a Bíblia apresentaram setecentos argumentos científicos contra a veracidade da mesma. Hoje, seiscentos desses argumentos já foram deixados por descobertas mais atualizadas.”[7]
b) Alziro Zarur — o inventor da prece do copo d’água — negava o parto de Maria:
Fácil teria sido, portanto, produzir nos homens, naqueles que porventura o assistissem, a ilusão do parto de Maria, dando-lhes características de realidade [...] Notai que nenhum historiador de Jesus fala do trabalho de parto de Maria, nem das consequências que pudessem ocasionar. Maria tinha de crer num parto real e lembrar-se dos fatos que lhe cumpria atestar, como se tivessem ocorrido. (Jesus – A Saga de Alziro Zarur, p. 153)
A Posição da Bíblia: Sabe-se que Lucas, além de médico (Cl 4.14), era historiador; ele disse: Tendo, pois, muitos empreendido pôr em ordem a narração dos fatos que entre nós se cumpriram, [...] havendo-me já me informado minuciosamente de tudo desde o princípio (Lc 1.1,3). Sob inspiração do Espírito, o Novo Testamento conta com dois livros de sua autoria — Evangelho de Lucas (que leva o seu nome) e Atos dos Apóstolos. Tanto no recenseamento mundial (Lc 2.1) quanto em outras informações, “Lucas mostrou ser um historiador de confiança, mesmo nos detalhes. Sir William Ramsey mostrou que, ao fazer referência a 32 países, 54 cidades e 9 ilhas, Lucas não cometeu um erro.”[8]
Por conseguinte, o Dr. Lucas atesta o parto de Maria: E deu à luz a seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem. [...] E, quando oito dias foram cumpridos, para circuncidar o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo fora posto antes de ser concebido (Lc 2.7,21). Diante de tanta informação, porque ainda Zarur negava o parto de Maria? É simples: ele não cria (e a LBV ainda não crê) que o Senhor Jesus teve um corpo humano.
c) Alziro Zarur — o inventor da prece do copo d’água — negava humanidade de Jesus, ou seja, o Seu corpo humano:
Jesus não poderia nem deveria, conforme as imutáveis leis da natureza, revestir o corpo material do homem do nosso planeta, corpo de lama, incompatível com a sua natureza espiritual, mas um corpo fluídico [...] (Jesus – A Saga de Alziro Zarur, p. 108).
A Posição da Bíblia: O Senhor Jesus, conquanto por obra e graça do Espírito Santo, nasceu de uma mulher (Gl 4.4; Mt 1.18). Ele teve um corpo (Hb 10.5). Verdadeiramente, “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). Por isso, teve crescimento intelectual, físico e espiritual (Lc 2.52), comeu e bebeu (Mt 11.19), dormiu (Mc 4.38,39), chorou (Jo 11.35), sentiu cansaço e sede (Jo 4.6,7), sentiu dores (Is 53.3), angustiou-se e entristeceu-se (Mt 26.37), suou sangue (Lc 22.44), etc.
Por “corpo fluídico” subentende algo à semelhança dum fantasma. Logo após a ascensão de Cristo, uma seita chamada “Gnosticismo” (do gr. “gnoses”, conhecimento) lançou essa heresia — a negar a humanidade de Jesus. Além das evidências bíblicas e históricas da humanidade de Cristo Jesus, o apóstolo João condenou fortemente essa heresia, chamado os tais de enganadores e anticristos. Veja 2João v.7; 1João 4.1-3.
d) Alziro Zarur — o inventor da prece do copo d’água — negava a Divindade Absoluta de Jesus:
Agora o mundo inteiro pode compreender que Jesus, o Cristo de Deus, não é Deus nem jamais afirmou fosse Deus. (Jesus – A Saga de Alziro Zarur, p. 112).
A Posição da Bíblia: Quem falou que Cristo nunca afirmou ser Deus? Jesus nunca afirmou ser o Deus Pai, pois Ele é o “Filho do Pai” (2Jo v.3); todavia — embora seja uma Pessoa distinta — possui a mesma essência e natureza do Pai. Ou seja, tem em Si a mesma Divindade do Pai; por conta disso, disse: Eu e o Pai somos Um (Jo 10.30); Quem me vê a Mim vê o Pai [...] Não crês tu que Eu estou no Pai, e que o Pai está em Mim? (Jo 14.9,10). Além do mais, asseverou ser o “Eu Sou”: Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse Eu Sou (Jo 8.58). “Eu Sou” foi a maneira que o único e verdadeiro Deus se apresentou a Moisés na sarça ardente (Ex 3.14,15). Conseguintemente, Jesus estava dizendo ser o Eu Sou — o mesmo Deus que os santos do Antigo Testamento temiam e serviam. O Senhor Jesus, naquele momento, revelava a Sua verdadeira identidade. E os judeus, sabedores disso — e por estarem espiritualmente cegos —, acusaram-no de associar-se a Deus e de cometer o pecado de blasfêmia, de tal forma que quiseram apedrejá-lo como ordenava a Lei (Lv 24.16 comp. Jo 8.59). Os judeus responderam, dizendo-Lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a Ti Mesmo (Jo 10.33).
Tomé ressaltou que Jesus é “Senhor e Deus” (Jo 20.28). Paulo chama Cristo Jesus de “Deus bendito eternamente” (Rm 9.5). Para João — “o Verbo estava com Deus [o Pai], e o Verbo era Deus [mesma natureza e essência do Pai] (Jo 1.1). Também João o exalta como “verdadeiro Deus” (1Jo 5.20). Pedro salienta que Ele é “Deus e Salvador” (2Pd 1.2).
Finalmente, Jesus Cristo possui atributos que revelam a Sua Deidade Absoluta: onipotência (Ap 1.8), onisciência (Cl 2.2,3) e onipresença (Mc 15.20; Mt 18.20).
e) Alziro Zarur — o inventor da prece do copo d’água — apregoava a reencarnação:
Só a reencarnação e os séculos – expiação, reparação e progresso – poderiam preparar as inteligências e os corações de maneira a fazer deles odres novos, capazes de conservar vinhos novos. (Jesus – A Saga de Alziro Zarur, p. 259).
A Posição da Bíblia: Através de quatro pontos, a Bíblia — o Livro de Deus (cf. Is 34.16) — desmorona a doutrina da reencarnação.
1) Jesus ensinou a unicidade da vida. Isto é, o ser humano só passa por esta vida uma única vez. É neste período que deve procurar arrepender-se, aceitar o sacrifício do Senhor Jesus e obedecer-Lhe para ser livre da condenação:Lembrou que eles eram mortais, eram como um vento que passa e não volta mais (Sl 78.39, NTLH); Cada pessoa tem de morrer uma só vez e depois ser julgada por Deus (Hb 9:27, NTLH).
2) Só há dois lugares finais e irreversíveis após a morte. Não existe reparação e progresso contínuo e permanente após a sepultura. Somente existe esperança enquanto o homem viver (Ec 9.4). A Bíblia diz: Tal como a nuvem se desfaz e passa, aquele que desce à sepultura nunca tornará a subir; nunca mais tornará à sua casa, nem o seu lugar jamais o conhecerá (Jó 7.9,10). Quando é dito: “Nunca mais tornará à sua casa, nem seu lugar jamais o conhecerá” diz respeito à volta do morto ao lugar donde ele veio: à terra dos viventes. Ou seja, nunca mais quem desceu à tumba fria volta aqui para progredir ou aperfeiçoar-se. Apenas há dois caminhos e duas portas (Mt 7.13,14). Conforme a doutrina de Jesus — só há dois lugares: céu e inferno (Lc 16.19-31; Mt 25.41,46).
3) Expiação e redenção somente pela morte de Jesus. O problema do homem é o pecado no qual está aprofundado (Rm 3.23; Is 57.20). O pecado afasta o ser humano de Deus (Is 59.2). Por isso, Jesus veio dos Céus ao mundo com o objetivo específico de “dar a Sua vida em resgate de muitos” (Mt 20.28), de maneira que “Cristo morreu, uma única vez, pelos pecados, o Justo pelos injustos, para conduzir-nos a Deus” (1Pd 3.18). Sendo assim, expiou — pagou por meio de Seu sacrifício — os pecados da humanidade, de sorte que nEle “temos a redenção pelo Seu sangue, a saber, a remissão dos pecados” (Cl 1.14). Isso jamais poderá ser feito por esforço próprio, uma vez que ninguém pode salvar a si mesmo. As boas obras não concedem salvação (Ef 2.8,9). Isso faz a reencarnação reduzir-se a pó!
4) A ressurreição da carne é a resposta cristã ao reencarnacionismo. “Segundo a crença na reencarnação, nós continuamos vindo em carne — em corpos diferentes — só que a alma ou espírito continua o mesmo”.[9] Ao contrário da teoria reencarnacionista, a Palavra de Deus apregoa a ressurreição; esta é a volta da alma ao mesmo corpo — justamente aquele corpo que morreu uma vez — cujo um dia levantar-se-á do pó da terra e será transformado, seja para a vida eterna, seja para a vergonha e a perdição eterna. Veja Daniel 12.2; João 5.28,29; 11.24.
f) Alziro Zarur — o inventor da prece do copo d’água — apreciava Satanás como seu irmão, honrava-o e orava por ele. Zarur compôs um poema mostrando seu amor, admiração, honra e apreço por Satanás. Tal composição chama-se “Poema do Irmão Satanás”. Alziro Zarur afirma:
[...] — Se Deus é sempre perfeito no que faz
E nada do que fez ao mal destina,
Por que odiarmos nós a Satanás
Se ele, também, é criação divina?
— E, se Jesus nos veio esclarecer
Que amássemos até “ao inimigo”,
Por que não transformar num bom amigo,
A Satanás, em vez de o combater?
Amigos meus, oremos por Satã,
Amemo-lo de todo o coração,
E respondamos sempre com o perdão
Aos males que nos faça, hoje e amanhã. [...]
Por mim, com honra, eu amo a Satanás,
Meu pobre irmão perdido nos infernos,
Com este amor dos sentimentos ternos,
Pra que ele, também receba a paz.
(Mensagem de Jesus para os Sobreviventes, p. 130 – poema completo).
A Posição da Bíblia: “Satanás literalmente significa adversário, e descreve seus intentos maliciosos e persistentes de obstruir os propósitos de Deus”.[10] Veja 1Tessalonicenses 2.18; 3.5; Mateus 13.19; 2Coríntios 4.4. Ele também é chamado de Diabo — que significa caluniador, pois calunia tanto a Deus como os remidos pela Graça (Gn 3.2-5; Ap 12.10; Jó 1.9; Zc 3.1).
Satanás nada tem de bom em si, já que “foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando profere mentira, fala do que lhe é próprio” (Jo 8.44). “Ele é descrito como presunçoso (Mt 4.4,5), orgulhoso (1Tm 3.6), maligno (Jó 2.4), astuto (Gn 3.1; 2Co 11.3), enganador (Ef 6.11), feroz e cruel (1Pd 5.8)”[11], tentador (Mt 4.3), ardiloso — sagaz, sutil (2Co 2.11). Na Harpa Cristã, o hino 6 — Na Maldição da Cruz — ratifica: “O Maligno tentador é o autor da perdição, do pecado, mal e dor, da doença e da aflição.”
O Senhor Jesus não tem parte alguma com o Maligno: Já não falarei muito convosco; porque se aproxima o príncipe deste mundo, e [ele] nada tem de mim (Jo 14.30). O Diabo já se encontra julgado e sentenciado por Deus, de maneira que para ele não há remissão (Jo 16.11; 12.31); por isso, seu destino final é o Lago de Fogo e Enxofre (Ap 20.10).
Eis aí o inventor da prece do corpo d’água — Alziro Zarur, cujo amava, honrava, orava e apreciava a Satanás — o Arqui-Inimigo de Deus; todavia, “que concordância há entre Cristo e Satanás?” (2Co 6.15).
3 – O Terrível Misticismo da “Água Ungida”
a) Ressurgindo o misticismo da Era Medieval. Martin N. Dreher na obra Bíblia — Suas Leituras e Interpretações na História do Cristianismo[12], destaca, por exemplo, que o culto no Período Medieval (entre os séculos V e XV) se tornou em extremo místico:
Vendiam-se desde bolinhas da terra com a qual Adão fora feito até cera dos ouvidos e leite da Virgem Maria, estrume do burro do estábulo de Belém, fios do cabelo e da barba do Salvador. Mostrava-se, inclusive, o prepúcio circuncidado de Jesus. Ao todo, existiam nada menos do que 13 exemplares do prepúcio de Jesus em toda a Europa.
“Esse misticismo foi uma marca inequívoca que o Cristianismo afastara-se da Palavra de Deus. A luta dos reformadores foi no sentido de que a Palavra de Deus voltasse a ocupar o seu lugar novamente.”[13]
Da mesma maneira, hoje a Palavra do Senhor foi expulsa da maioria dos púlpitos. É o sinal apavorante da grande apostasia que antecederia a Segunda Vinda de Jesus (2Ts 2.2,3; 1Tm 4.1). Há práticas usadas, em nome da fé, que mais se associam às sessões espíritas, e não aos fundamentos da lídima fé cristã! Tais práticas levam os crentes a serem supersticiosos.
As heresias da Era Medieval — de materializar o sagrado e de usar símbolos para pessoas depositarem a fé, ressurgiram volumosamente nos dias de hoje. Talvez os materiais e os objetos tidos como sagrados tenham mudado, mas as heresias que os sustêm renasceram a todo o vapor! Ora, não estão às escâncaras? A tal da “água ungida” é um exemplo clássico! Isso “lança o devoto em uma verdadeira adoração idolátrica [...] O objetivo é colocar o fiel em contato com algo palpável, material e sensível e dessa forma ter sua fé estimulada. A fé, sem dúvida, é estimulada, mas é uma fé idólatra!”[14] Se nos dias medievais tais coisas afastaram os cristãos da adoração e da fé verdadeiras, por conta disso tiveram de se voltar à Palavra pela Reforma Protestante, por que agora, que inúmeros cristãos e ministros trilham pelo mesmo caminho, não aceitam tal repreensão e se relutam voltar à simplicidade que há no Evangelho de Cristo? (2Co 11.3). Ora, tão só Ele não nos é suficiente?! Seguramente, o que faz divisão entre o homem e Deus, afastando-o da Palavra, é o pecado (cf. Is 59.2); portanto, essa fé mística representa terrível pecado!
b) Baseada no misticismo antigo — água ungida: um amuleto. A “água ungida” — além de ser uma heresia católico-romana (água benta) e a prece do copo d’água uma doutrina espírita (água fluidificada), como visto acima —, torna-se um amuleto usado com finalidades místicas. A voz de Deus brada para que o Seu povo não se una com profanações, doutrinas falsas e tudo aquilo que é contrário à Sua Palavra: E a Meu povo ensinarão a distinguir entre o santo e o profano, e o farão discernir entre o impuro e o puro (Ez 44.23); Assim diz o Senhor: Se tu voltares, então te trarei, e estarás diante da Minha face, e se apartares o precioso do vil, serás como a Minha boca; tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles (Jr 15.19); Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido (1Co 2.15).
Sem sombra de dúvida, a “água ungida” é amuleto, já que amuleto é qualquer objeto ou coisa que uma pessoa atribui poder espiritual para se proteger de influências malignas, diabólicas, enfermidades, etc. É algo que alguém consagra a fim de, por meio dele, ser abençoado. É usado como “símbolo de fé”, um “elo”, um “ponto de contato” a caso de levar a alguém a depositar a fé no Senhor.
Além disso, como a água, após a oração, é usada com finalidades espirituais, isso — incontestavelmente — tem ligação com o misticismo. Misticismo é acreditar que é possível alcançar comunhão com Deus através de símbolos, rituais e objetos sagrados. Depositar a fé em algo inanimado, atribuindo-lhe poder de conquista.
c) A verdadeira fé em Deus contra a “água orada”. Fatalmente, devido à suposta “água ungida”, o poder da fé é excluído, visto que algo sem vida passa a ser utilizado como fonte de poder espiritual, daí, então, nasce a fé idólatra, que precisa de algo palpável para crer. Segundo a Bíblia os gregos — idólatras e pagãos, com seus milhares de deuses — tinham esse comportamento: Varões atenienses, em tudo vos vejo um tanto supersticiosos; porque, passando eu e vendo os vossos santuários. Achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO [...] para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, O pudessem achar, ainda que não está longe de cada um de nós (At 17.22,23,27).
No que concerne à verdade da Escritura — o que é fé? Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem (Hb 11.1). “Se a fé é a prova das coisas que não se veem, ao usar um objeto visível para despertá-la, na verdade, está-se fazendo uso de superstição, que é a transferência da fé em Deus, que não se vê, para um objeto que se vê”.[15] Logo, a fé verdadeira — “o firme fundamento” e “a prova das coisas que se não veem”, ou seja, a fé viva — exclui indiscutivelmente quaisquer amuletos ou talismãs (tal e qual a “água ungida”).
A fé bíblica ampara-se tão somente em Deus para concretização do impossível e alcance das bênçãos: Pela fé [Moisés], deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível (Hb 11.27). Por conta disso, coisas inanimadas para alcançar e elevar fé ao Senhor tornam-se vãs (à semelhança dos ídolos — cf. Jr 2.11), pois tiram a primazia do depósito na fé no Deus da Bíblia, que é Invisível, Eterno e Imortal (1Tm 1.17) — “a Quem nenhum dos homens viu nem podem ver” (1Tm 6.16). Ele é Espírito (Jo 4.24), porém possui asseidade, isto é, tem vida em Si mesmo — não depende de nada para existir (Jo 5.26; Dt 5.24-26; Js 3.10), desse modo, não é necessário objeto de fé para ser alcançado: Nem tampouco é servido por mãos de homens, como que necessitando de alguma coisa; pois Ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas (At 17.25).
Além do quê, se, cabalmente, o Eterno Senhor não divide a Sua glória com nenhum ser humano, quanto mais com coisas inanimadas! Como seria profanado o Meu Nome? E a Minha glória não darei a outrem (Is 48.11). Somente não é confundido quem crê e deposita a fé no Deus Invisível (Rm 10.11; Mc 11.22-24). Amuletos não são precisos na vida do crente, pois — além de anular o poder da fé — a graça de Deus lhe basta (2Co 12.9). Basta a fé no Filho de Deus e em Sua Palavra para se achegar ao único e verdadeiro Deus (1Tm 2.5; Sl 119.168).
4 – A Verdadeira Água do Cristão
a) A Água representando o Senhor Jesus. Cristo é a fonte d’águas puras, que mata a sede espiritual de qualquer vil pecador: Jesus pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a Mim, e beba (Jo 7.37).
O Senhor Jesus — a Fonte d’Água Divina — supre as necessidades da vida espiritual de todo ser humano que O buscar, de modo que não é necessário recorrer a qualquer outra água, mas somente a Ele — a Água da Vida: Mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca terá sede, porque a água que Eu lhe der se fará nela uma fonte d’água que salte para a vida eterna! (Jo 4.14). As outras águas são de poços imundos, que fazem perecer. Por isso, a suposta “água ungida” torna-se transgressão, pois tira a supremacia de Cristo, induzindo o pecador a buscar algo palpável — proveniente de heresias católico-romanas, de misticismos da Era Medieval e de doutrina espírita — uma espécie de amuleto com fins místicos. Os crentes da Igreja Primitiva não possuíam tal ensino, e os fiéis cristãos de outros séculos o rejeitaram veementemente como heresia.
b) A Água representando a Palavra de Deus. Para a santificar, purificando-o com a lavagem da água, pela Palavra (Ef 5.26). Quando o coração é aberto para receber as palavras da Bíblia Sagrada em obediência e temor, elas agem dentro do homem como água — lavando poderosamente todas as impurezas deixadas pelo pecado, pois penetram até a divisão da alma e do espírito, das juntas e das medulas (Hb 4.12) — locais onde o ser humano não pode entrar.
A Escritura sempre é tida como água. Até mesmo a expressão “nascer da água” — conforme a doutrina de Jesus (Jo 3.5) — significa ser regenerado, nascer da Palavra do Senhor: Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela Palavra de Deus — viva, e que permanece para sempre (1Pd 1.23). Ou seja, aquele que recebe a salvação passará a ser guiado pela Palavra, e, submetendo-se a Ela, porá completamente todos os setores de sua vida debaixo de Seus mandamentos (Sl 119.105,112; 1Pd 1.15,16; Gl 2.20).
Verdadeiramente, podemos a cada dia ser inundados da Água Limpa — a Escritura Sagrada: Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo os corações purificados com água limpa (Hb 10.22); Quem crer em Mim, como dizem as Escrituras, rios d’água viva correrão do seu ventre [interior] (Jo 7.38). O máximo que as “águas oradas” deste mundo pode fazer é tocar no corpo, porém nunca no homem interior — alma e espírito (Rm 7.22).
c) A Água como símbolo da obra do Espírito Santo.
* A água refresca e tira a sede (Sl 42.2; 23.2). O Espírito Santo consola (Jo 14.16).
* A água faz brotar árvores e erva (Jó 14.9; Is 44.4). O Espírito Santo renova e faz o crente produzir frutos (Tt 3.5; Gl 5.22).
* A água limpa (Hb 10.22). O Espírito lava e limpa (Tt 3.5).
* A água suporta a carga (1Pd 3.20). O Espírito também suporta a nossa fraqueza e intercede por nós (Rm 8.26,27)
* A água (pela chuva) vem do céu (Is 55.10). O Espírito foi enviado do Céu (1Pd 1.12).
* A água fertiliza e faz prosperar (Is 44.3). Estas utilidades são reais, prováveis e representam as bênçãos do Espírito Santo que temos experimentado e podem ser experimentadas por quantos as buscam com fé.[16]
O salvo em Cristo tem o Espírito Santo (Rm 8.9; Ef 4.30). Logo, não necessita de outra água para apoiar a sua fé. As necessidades, em todas as áreas da vida, são supridas pela Pessoa do Espírito Santo!
5 – Conclusão
Os que defendem de unhas e dentes a “água ungida” (doutrina católico-romana e espírita) — e outros objetos (selo da prosperidade, rosa ungida, fronha dos sonhos, tijolo ungido, par de meias consagradas, vassoura ungida, bala ungida, cântaros, pedras de Davi, espada de Gideão, buzina de Josué, vara de Jacó, etc.) como canais de fé — apresentarão algumas objeções, pinçando a Bíblia aqui e ali para defender sua tese. Todavia, na conclusão deste estudo, responderemos aos falsificadores da Palavra de Deus (2Co 2.17).
a) O azeite da unção
Objeção 1: Se, segundo o estudo em apreço, não podemos ter nenhum objeto consagrado para utilização e depósito de fé — porque Deus e a fé são invisíveis —, o que fazer, então, com o azeite para a unção? O azeite também não levará muitos ao misticismo? Ele não é, do mesmo modo, um símbolo? Não é por isso que alguns teólogos dizem que a unção com óleo não é doutrina bíblica, e o azeite usado pelos apóstolos era tão somente medicinal?
Resposta: O texto bíblico diz: Está alguém dentre vós doentes? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente... (Tg 5.14,15). A unção com azeite é uma exceção, já que tem apoio e está às claras na Palavra do Senhor. E no que concerne a isso: Nada acrescentareis à palavra que vos mando, nem diminuireis dela, para que guardeis os mandamentos do Senhor, vosso Deus (Dt 4.2; cf. Ap 22.18,19). A unção com óleo (acompanhada da oração da fé) representa o sinal visível da operação invisível do Espírito Santo. Outrossim, não é invenção de homens sem o conhecimento do único e verdadeiro Deus, nem da Era Medieval, nem de seitas espíritas.
A iniciativa está com a pessoa doente ao chamar os presbíteros, que são os líderes da igreja (cf. 1Tm 3.1-7; Tt 1.5-9). Suas qualificações os caracterizam como homens de honra pessoal e maturidade espiritual — tendo capacidade especial proveniente de Deus — principalmente na área do discernimento. Eles têm posições de autoridade e são, presumivelmente, homens de fé e de oração.
Quando é dito “ungindo-o com azeite” não se refere a um ato medicinal (cf. Mc 6.13) nem tampouco a uma poção mágica. Ao certo, foram os presbíteros ou pastores que receberam a incumbência de ungir, de modo que ambos são autoridades espirituais, e — referente à isso — não foram enviados como médicos, enfermeiros ou autoridades sanitárias; logo, tal óleo não podia, em hipótese alguma, ser medicinal, mas, certamente — o símbolo da consagração de pessoas doentes e da presença alegre do Espírito Santo, neste caso para trazer a cura. Até porque é pelo poder do Nome de Jesus que os enfermos são curados (Mc 16.17,18; At 3.6-8; 16.18); por consequência, eles oravam e ungiam “em nome do Senhor”, o que denotava o agir do poder divino. Além disso, muitas vezes, nas Escrituras Sagradas, o óleo (azeite) é símbolo do Espírito Santo e de Sua operação (Hb 1.8,9; Is 61.1; Lc 4.18; 2Co 1.21,22; 1Jo 2.27; 1Sm 10.1; 16.13; At 10.48). Sendo assim, o Apóstolo Tiago ressalta o poder da cura através da oração que acompanha a unção.[17]
Portanto, a única exceção da Palavra de Deus é concernente à unção com azeite acompanhada da oração da fé, pois representa — através da unção visível e tangível do óleo — a transmissão da unção invisível e sobrenatural do Espírito de Deus. Ainda assim, toda essa objeção, querendo dar apoio à heresia da “água ungida” cai por terra, pois somente os presbíteros e pastores estão determinados a ungir os enfermos, de sorte que tal óleo não é uma espécie de poção mágica.
b) Objetos consagrados citados na Bíblia, por exemplo, os lenços e os aventais de Paulo
Objeção 2: Atos 19.12 relata o uso dos aventais e lenços de Paulo para curar enfermos e expulsar demônios em Éfeso. Por isso, na atualidade, a prática da “água ungida” e outros objetos consagrados têm base bíblica o suficiente, pois, tal qual os lenços e aventais do apóstolo, servem como ponto de contato de fé.
Resposta: O texto em análise diz: De sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos caíam. É preciso salientar, entretanto, que esse acontecimento é o único do gênero que há registro no Novo Testamento. Fez parte dos “milagres extraordinários” que o Senhor realizou em Éfeso pelas mãos de Paulo (At 19.11).
Já que a Bíblia interpreta a Si mesma (cf. Is 28.10), devemos interpretar essa passagem da mesma forma como interpretamos os relatos do Antigo Testamento sobre o cajado de Moisés (Ex 8.5,16) e o manto de Elias (2Rs 2.8,14). Esses objetos foram veículos materiais do poder miraculoso desses homens. O propósito das narrativas acerca do poder que havia neles foi mostrar o extraordinário poder de Deus nas vidas dos seus possuidores, comprovando que a sua mensagem vinha realmente da parte do Deus Altíssimo. O ponto é que esse poder era tão grande que até as coisas com as quais Moisés e Elias tinham contato diário se tornavam canais através dos quais ele era transmitido.
À luz dessas passagens, o conceito é sempre o mesmo: Jesus e os apóstolos eram tão cheios do poder de Deus que as coisas com as quais tinham contato íntimo tornavam-se como que em extensões deles, para curar e abençoar as pessoas. O objetivo é idêntico: enfatizar a enormidade do poder de Deus em suas vidas e, assim, atestar que a mensagem pregada por eles, bem como pelos profetas do Antigo Testamento, decerto vinha de Deus. Tão tremendo era o agir dos dons que até mesmo vestes, bordões, ossos, saliva, sombra e lenços desses homens transmitiam o poder curador de Deus que neles havia, transformando-se em extensões deles. É dessa forma que devemos entender o relato de Atos 19 sobre o poder curador dos lenços e aventais de Paulo.
Textos bíblicos como do bordão de Eliseu, que era usado para realizar milagres (2Rs 4.29), da pasta de figos usada pelo profeta Isaías para curar Ezequias (2Rs 20.7), das vestes de Jesus que curavam pessoas doentes (Lc 8.43-46; Mt 14.36; Mc 6.56; Lc 6.19), da saliva de Jesus para curar cegos (Mc 8.22-26; Jo 9.6-7) e um mudo (Mc 7.33), da sombra de Pedro que curava enfermos (At 5.15) — de igual maneira, devem ser interpretadas à luz do contexto bíblico como visto acima, a fim de não levar a Igreja de Deus ao misticismo e à superstição — porque salta aos olhos de quem conhece as práticas religiosas populares que tanto a “água ungida” quanto o uso de objetos ungidos (rosa ungida, cântaros, pedras de Davi, espada de Gideão, trombeta de Josué, vara de Jacó, chave da vitória, fronha dos sonhos, selo da prosperidade, par de meias, lenço ungido, sal ungido, algodão com o sangue de Cristo, pó do amor, água do rio Jordão, galho de oliveira do Monte Sinai, etc.) são bastante semelhantes ao benzimento de objetos do baixo-espiritismo (patuás, simpatias, ferraduras, cruz de capim-santo, ervas), do Catolicismo Romano (crucifixo, fitinhas, fotos, medalhas e efígies dos santos, acendimento de velas, etc.), das artes mágicas (cristais, pirâmides, incenso) e do ocultismo em geral. Evidentemente, essas passagens não servem como prova de que, hoje, pastores e obreiros podem abençoar objetos e usá-los para expelir demônios, proteger seus possuidores contra forças negativas e curar moléstias, visto que nenhuma dessas passagens foi deixada como mandamento referente a tais práticas à Igreja de Cristo.
Em suma, notemos as principais diferenças entre o uso desses objetos nos relatos bíblicos e o uso que é feito hoje por igrejas que estão de mãos dadas com o misticismo.
1. Seu uso limitou-se ao momento do milagre — Nenhum dos objetos empregados na Bíblia preservaram algum “poder” em si mesmos após o milagre ter ocorrido. Semelhantemente, os lenços e aventais de Paulo tiveram um uso especial somente em Éfeso, e provavelmente somente durante um determinado período, ao longo dos três anos que o apóstolo passou ali. Em contraste, os ministros, que ungem e abençoam objetos, atribuem a eles efeitos que permanecem muito tempo após a cerimônia. É algo bem diferente do uso ocasional feito pelos profetas e apóstolos.
2. Os objetos estavam ligados à pessoa dos homens de Deus — Alguns dos objetos usados eram coisas pessoais dos homens de Deus, como a capa de Elias, o bordão de Eliseu, as vestes de Jesus, os lenços e aventais de Paulo e, num certo sentido, a sombra de Pedro. Eles só foram empregados por isso. Em verdade, eles possuíam tremendo poder do Alto que seus pertences eram extensão dos dons do Espírito que neles estavam. Não eram coisas oferecidas ao povo a caso de colocarem fé, mas pertences deles. Eles não saíram dando seus pertences a ninguém, e nunca pediram às pessoas para recorrer a eles como amuletos ou talismãs em momentos difíceis.
3. Nenhum dos objetos empregados foi ungido ou abençoado — Essa é uma diferença fundamental. Atualmente, os objetos são ungidos, abençoados, fluidificados e consagrados através da oração e da imposição de mãos de pastores e obreiros. Supostamente, depois passam a ter poderes especiais. Todavia, em nenhum dos casos mencionados nas Escrituras, os objetos empregados nos milagres passaram, antes, por uma cerimônia de consagração.[18] E por que não o fizeram? Porque não era da vontade do Deus da Bíblia que o povo tivesse uma fé cega e idólatra, mística e supersticiosa — apegada a coisas materiais como “ponto de contato”. Sempre Deus exigiu exclusividade. A fé tem de ser n’Ele — o Invisível! Por consequência, é uma fé viva! Ora, sem fé é impossível agradar a Deus; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele exista, e que é Galardoador dos que o buscam (Hb 11.6).
Muito bom
ResponderExcluirMuito bem explicado
ResponderExcluir