ENSINA-NOS A ORAR
Introdução
O que é a Oração? Segundo o Dicionário Teológico, de Claudionor de Andrade — CPAD, a palavra oração é proveniente do latim: orationem; isto é, prece dirigida pelo homem ao Seu Criador com o objetivo de: 1) Adorá-Lo como o Criador e Senhor de tudo quanto existe; 2) Pedir-Lhe perdão pelas faltas cometidas; 3) Agradecer-Lhe pelos favores imerecidos; 4) Buscar proteção e uma comunhão mais íntima com Ele; 5) Colocar-se à disposição de Seu Reino. A oração não pode ser uma arenga. Tem de ser caracterizada por pensamentos amorosos e profundos.
Deus quer que nós mantenhamos um vínculo com Ele – uma comunhão; e esse vínculo é através da oração; a qual é um método praticado não somente no Cristianismo, mas desde os primórdios da humanidade, como, também, em outras religiões.
Alguns israelitas utilizavam filactérios nas orações da manhã. Daniel orava três vezes ao dia (Dn 6.10). Davi registrou no Livro dos Salmos muitas de suas orações, por exemplo, os Salmos 20 e 27. Jesus se retirava com frequência aos desertos e montes para orar (Lc 5.16; 6.12), inclusive, na noite em que foi preso, estava orando no Getsêmani (Mc 14.32). Os apóstolos Pedro e João tinham o costume de orar todos os dias às 3h da tarde, conhecida como “a hora nona”.
A oração é um princípio vital na vida do cristão. Por conta disso, a Palavra de Deus responde a pergunta dos discípulos, cuja ainda ecoa a mais de dois mil anos: Senhor, ensina-nos a orar (Lc 11.1). Sem oração não se pode expulsar demônios, dentre tantas outras coisas.
1. Os elementos da oração
A oração pode ser dirigida de acordo com estas descrições bíblicas. Portanto, nela, pode-se incluir:
1) Confissão. Um exemplo clássico é o Salmo 51. Deus conhece tudo, e nada está oculto aos Seus olhos; por isso, precisamos confessar tudo a Ele. Quando nos confessamos, estamos demonstrando que estávamos cientes dos fatos; porém, agora, arrependidos.
2) Adoração (Sl 95.6-9). Adorar é simplesmente reconhecer tudo o que Deus é, e o que Ele tem feito.
3) Comunhão (Sl 103.1-8). Comunhão é a associação com uma pessoa, envolvendo amizade e participação em seus sentimentos, em suas experiências e em sua vivência.
4) Gratidão (1Tm 2.1). Faz parte da oração dar graças a Deus, pelo favor imerecido que recebemos d’Ele.
5) Petição pessoal (2Co 12.8). Paulo orava para ser livre de um espírito que o esbofeteava. Nós, também, devemos pedir segundo as nossas necessidades. Jesus disse que não devemos estar inquietos com o que vamos vestir e comer, mas não expressou que não devemos orar e pedir tais coisas. Orar para tal finalidade é dever, pois o Senhor ouve e concede (Fp 4.19).
6) Intercessão pelos outros (Rm 10.1). Muitas pessoas precisam de oração, e não sabem. Cabe a nós, cristãos, orar pela família, pelos vizinhos, dentre outras pessoas próximas ou distantes, conhecidas ou estranhas. Assim como um dia alguém intercedeu por nossas vidas, também devemos interceder pelas dos outros.
2. Condições para a oração ser atendida
A Palavra de Deus revela os requisitos para uma oração ser atendida. Ei-los:
1) Fé (Hb 11.6). É inútil uma oração sem fé, porque é necessário que todo aquele que se aproxime de Deus, creia que Ele exista — declara o versículo suprarreferido. A fé é um requisito essencial para aproximar-se de Deus e ser aceito por Ele. Qualquer pessoa que busque o Seu socorro tem de crer em duas coisas: o Senhor existe, e é galardoador dos que O buscam.
2) Submissão à vontade de Deus (1Jo 5.14,15). Submeter-se à vontade de Deus é confiar, sem restrições, em Sua provisão. Cada promessa que Deus cumpre gera-nos mais confiança; com efeito, inspira e dá fervor às orações.
3) Orar em Nome de Jesus. Essa é a condição fundamental para a oração ser atendida. Leia João 16.23,24. Note que tais versículos mostram que a nossa comunhão com Deus, em nome de Jesus, opera em dois sentidos: Primeiro, quando a Ele pedimos; e, segundo, quando nos dá o que Lhe pedimos.
Muitos terminam suas orações com a conhecida expressão: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Não que seja pecado (ou coisa semelhante), mas isso está fora dos ensinos de Jesus, revelados em Sua Palavra. Chegamos a Deus somente por intermédio de Cristo: Ninguém vem ao Pai, senão por Mim... (Jo 14.6). As próprias sacras composições evangélicas da hinódia literorreligiosa ressaltam que Cristo é a única via de acesso de nossos rogos ao Deus-Pai, como exemplos: “Vem Tu, Verbo de Deus, fazer chegar aos Céus nossa oração” (Harpa Cristã 185); “Dirijo a Ti – Jesus, minha oração... Tu és meu Mediador, meu Rei e Salvador” (Hinário Aleluia 69). Portanto, a oração deve ser encerrada tão só em nome de Jesus: Tudo quanto pedirdes em Meu nome Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho (Jo 14.13).
4) Os requisitos apresentados fazem a oração ser eficaz. Quer dizer, produzem os efeitos desejados; dão bons resultados – com certeza! O clamor sobe como incenso perante a face do Santo de Israel (Sl 141.2), que, ao sentir o cheiro agradável, envia a resposta pelo Seu eterno poder: seja salvação, seja cura no corpo ou na alma, seja perdão, seja vigor, seja livramento (Tg 5.15,16; Sl 6.9). A oração é um diálogo entre o crente e Deus, e não um monólogo, em que só o orador fala, fala sem parar. É preciso ficar atento à voz de Deus, pois Ele pode responder e as pessoas nem perceberem, pela falta da devida atenção à Sua resposta (Jr 33.3). As Santas Escrituras atestam: A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos (Tg 5.16b). Não há limites que detenham uma oração conforme a Palavra de Deus! Disse a Rainha Elisabeth – monarca da Inglaterra: “Tenho mais medo de um crente de joelhos do que todo o exército inglês”. Aleluia!
5) Testificações do fervente clamor ao Criador Bendito. Existem muitas pessoas, devido à simplicidade, têm feito suas orações das mais diferentes maneiras, e têm sido atendidas; porém, uma coisa é indispensável: a fé! Muitos testificam a virtude do maravilhoso ato de orar:
a) “Passo grande parte do meu tempo afinando meu coração para oração” (M’Cheyene);
b) “A verdade é que, na oração, não as dádivas, mas as graças é que prevalecem. João, em prantos, conseguiu abrir o livro; e Daniel, pela oração, teve o segredo do rei revelado em visão noturna. A oração faz-nos conhecer mais o poder de Deus” (Trapp);
c) “A oração é a chave da vitória. Consiste na manutenção do contato com o Criador. Ela é a fonte de socorro do homem que, em suas aflições, clama por Deus. É a comunhão dos filhos com o Pai Celestial” (Emílio Conde);
d) “Em nossa oração constante devemos ser específicos como a viúva de Lucas 18. Ela, dia após dia, se dirigia ao juiz com o mesmo pedido. Nossas orações são muitas vezes bastante genéricas e sem meta” (Hebert Lockyer).
3. Erros que afetam a resposta da oração
Antes de iniciar a oração é preciso estar plenamente convicto da resposta de Deus. Há alguns erros que afetam a resposta da oração, de maneira que, às vezes, ela nem sequer é ouvida. Veja alguns desses erros:
1 – Vãs repetições. Falar, falar e falar palavras sem terem sentido; por isso, na verdade, se tornam vãs repetições e se assemelham às rezas do terço católico e aos mantras das religiões orientais. Rezar nunca foi e nunca será suplicar ao Senhor. Rezar, do latim recitare, significa fazer recitação; repetição de algo já produzido por outrem; dizer algo de cor. Isso nada tem a ver com a oração ensinada na Palavra de Deus, que é a elevação da alma e da vida aos braços do Pai Celeste, brotada através de palavras de um coração amesquinhado: Pelo que todo aquele que é santo orará a Ti, a tempo de te poder achar: até no transbordar de muitas águas... (Sl 32.6). Oração é derramar-se na presença do Todo-Poderoso: Ó Deus, Tu és o meu Deus; de madrugada te buscarei: a minha alma tem sede de Ti; a minha carne te deseja muito em uma terra seca e cansada, onde não há água (Sl 63.1). As repetições impedem a resposta divina: E, orando, não usem de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos (Mt 6.7). Alguns, quando vão orar, levam até um relógio consigo para cronometrarem o tempo que “oraram”. Estes pensam que por muito falarem serão ouvidos... Os fariseus exploravam os necessitados sob pretexto de longas orações (Mt 23.14). A maneira certa é revelada pelo Senhor: E buscar-Me-eis, e Me achareis, quando Me buscardes com todo o vosso coração (Jr 29.13).
2 – Coração perverso. Outro erro é ter um coração perverso, obstinado e pensar que Deus está ouvindo as orações:Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá? (Jr 17.9). Também: Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá (Sl 66.18). E mais: Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que não vos ouça (Is 59.2).
3 – Não possuir sentido. Oração sem sentido é perda de tempo: E qual de entre vós é o homem que, pedindo-lhe pão o seu filho, lhe dará uma pedra? (Mt 7.9). Sem a especificação dos desejos pessoais, a oração não estará clara e objetiva. Diga a Deus se você quer pão ou pedra; deixe claro se deseja peixe ou serpente: seja direto, seja claro, seja objetivo; enfim, sem rodeios! E tudo o que pedirdes na oração, crendo, o recebereis (Mt 21.22).
4 – Pedir para fins depreciativos. Outro problema é pedir algo para fins depreciativos, isto é, para desvalorizar-se. É um tipo de oração sem sabedoria cujo cristão diminui a sua condição de filho de Deus, desconhecendo o grandioso poder do Altíssimo. Igualmente, quando pede, além de se menosprezar, não o faz para o Criador suprir as reais necessitadas, mas pôr as mãos d’Ele em coisas supérfluas, ou seja, desnecessárias: Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites (Tg 4.3). O que Deus dá é bom e enriquece-nos, sem efeitos colaterais, ou seja, consequências indesejadas:Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vêm do Alto, descendo do Pai das Luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação (Tg 1.17). Finalmente: A bênção do Senhor é que enriquece; e não traz consigo dores." (Pv 10.22).
Conclusão
A oração é muito importante e liga-nos de maneira estrita a Deus. Sendo assim, não podemos realizá-la de qualquer maneira, ou, então, Jesus nos dirá: “Servo mau e negligente” (Mt 25.26).
No estudo em apreço, pudemos compreender um pouco do universo da oração e do diálogo com Deus. Lembrando que a oração não é para persuadir o Senhor a fazer nossa vontade, mas, sim, colocar a nossa vontade em sintonia com a d’Ele!
A oração é se entregar, sem restrições, à vontade soberana de Deus.
É preciso orar para estar dentro dos planos de Deus e da Sua perfeita vontade: Por esta razão, nós também, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que sejais cheios do conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual, para que possais andar dignamente diante do Senhor, agradando-lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no conhecimento de Deus (Cl 1.9,10). Veja Romanos 12.2.
Contudo, não se esqueça: a oração não é tudo o que você pode fazer, porém uma das coisas mais importantes para a vida do cristão.
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